“Num mundo que é exatamente o nosso, aquele que conhecemos, sem diabos, sílfides nem vampiros, produz-se um acontecimento [como o surgimento de um fantasma ou de uma assombração] que não pode ser explicado pelas leis deste mesmo mundo familiar. Aquele que o percebe deve optar por uma das duas soluções possíveis; ou se trata de uma ilusão dos sentidos, de um produto da imaginação e nesse caso as leis do mundo continuam a ser o que são; ou então o acontecimento realmente ocorreu, é parte integrante da realidade, mas nesse caso a realidade é desconhecida para nós [...].”
(Tzvetan Todorov, 2017, p. 30.)
“É legítimo observar, no
interior de um texto, a relação que se estabelece entre a cor do rosto de um
fantasma, a forma do alçapão pelo qual desaparece, o odor singular que deixa
este desaparecimento.”
(Idem, ibidem, p. 151.)
INTRODUÇÃO
Que é mito? Que é
lenda? Que é mito fundador? Quais são os tipos de fantástico? Qual a diferença
entre o pensamento mítico (mitológico) e o filosófico? Qual a causa da Guerra
de Troia? Qual a relação entre os mitos e a ideologia? Que é ideologia?
Feminismo é ideologia? Nesta aula, tentaremos descobrir — nós, que vivemos num
mundo marcado pela lógica, pela razão e pela ciência, e não pela crença em
vários deuses — respostas.
Prezados alunos:
Como estão? Espero que bem.
Dirijo-me a vocês para expor e exemplificar dois conceitos (ainda que as definições
não sejam tão boas): o de mito e o de lenda. Vejamos algumas definições da palavra
mito:
1. relato fantástico de tradição oral, geralmente
protagonizado por seres que encarnam, sob forma simbólica, as forças da natureza
e os aspectos gerais da condição humana;
lenda, fábula, mitologia;
2. narrativa acerca
dos tempos heroicos, que
geralmente guarda um fundo de verdade;
3. relato simbólico,
passado de geração em geração dentro de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno,
ser vivo, acidente geográfico, instituição, costume social etc.
As definições acima são do dicionário de Antônio
Houassis. Segundo o professor André
Alonso,
a palavra
mito vem do grego μυθος (mythos).
O termo grego significa, primeiramente, “palavra”, “discurso”. [...]
Pode também
significar uma discussão, uma conversa, um conselho. É só posteriormente que é utilizado
com o sentido de “lenda”
ou “fábula”, significado esse que é precisamente o que retivemos para o termo “mito” (2012, p. 2).
Mas, afinal, qual a diferença entre mito e lenda?
Para começo de conversa, é difícil
definir satisfatoriamente o mito, que, de acordo com o supracitado professor (2012, p. 12), é constituído
de coisas admiráveis, isto é, que
causam admiração no homem, que o deixam perplexo e que lhe explicam o que ele não compreende por não haver
explicação racional ou científica. Na opinião dos estudiosos Morford e Lenardon
(2003, p. 3 apud ALONSO, 2012, p. 3),
a impossibilidade
de estabelecer uma definição satisfatória de mito não dissuadiu [ou seja: não fez desistirem] os
estudiosos de desenvolver teorias abrangentes sobre o significado e a interpretação do mito, frequentemente para
fornecer bases para uma hipótese sobre suas origens... Uma coisa
é certa: nenhuma teoria do mito pode abranger todos os tipos de mitos...
Definições de mito terão a tendência de ser ou muito limitadoras ou tão vastas
a ponto de serem virtualmente inúteis.
E agora?
Calma: com as palavras do professor André Alonso (2012, p.3), ainda podemos
estabelecer algumas afirmações seguras sobre o mito:
a) ele é uma narrativa tradicional
(sublinhe-se aqui o termo tradicional);
b) ele é importante no seio de uma
determinada cultura [cultura é o cultivo
de hábitos, leis, comportamentos, ou seja: é o modo de vida de um povo]
(logo, não é qualquer assunto que é abordado pelo mito);
c) ele é transmitido de geração em
geração [oralmente, isto é: por meio da
fala] (eis seu caráter tradicional);
d) trata de deuses, heróis e seres fantásticos
(eis sua temática);
e) o tempo da narrativa mítica é antigo
(isto é, não pode ser determinado com uma data, como o tempo histórico).
Vale ressaltar
o seguinte:
Em seu sentido original, mythos está ligado à fala, ele é da
ordem do falar, da expressão
oral. De fato, mythos está ligado ao
domínio semântico do logos, isto é, da palavra
falada. Isso nos remete,
naturalmente, ao domínio da oralidade grega.
Os mitos eram
narrativas anônimas transmitidas
oralmente de uma geração a outra.
Como elas estavam sujeitas a esse longo processo de transmissão oral, elas são tradicionais (em latim, “traditio” significa transmissão
e, portanto, aquilo que é transmitido de uma geração a outra é “tradicional”). Esse caráter tradicional
está ligado ao processo de oralidade grega,
o qual se dá, durante longos séculos, em uma cultura na qual a
escrita era inexistente ou marginal (ALONSO,
2012, p. 4).
Observem que o mito pode
ser um relato fantástico. As
palavras fantasia, fantasma e fantástico
são cognatas: têm o mesmo radical e a mesma origem. Fantástico é tudo que é maravilhoso, mágico ou
sobrenatural. Os deuses, as fadas, os anões, todos eles são seres fantásticos. Já viram o desenho animado Scooby Doo? (que, se não me falha a
memória, é mencionado a propósito de exemplificação pelo Prof. Dr. Alexander
Meireles da Silva no seu Fantasticursos).
Quem já viu sabe que sempre aparece uma assombração que, no fim, revela-se falsa: alguém assusta
O termo logos significa discurso
ou palavra; já logia tem praticamente o mesmo
sentido, podendo
também significar estudo;
logo, mitologia é o conjunto
ou o estudo dos mitos.
Falta mais alguma informação? Vejamos:
Mito também significa mentira com valor de verdade. Muitos gregos acreditavam nas narrativas míticas, cheias
de acontecimentos fantásticos, como os doze trabalhos de Hércules, embora não houvesse
provas científicas ou evidências que confirmassem
que Hércules tivesse existido. Não é à toa que são usadas as palavras mitomania
e mitómano. Explico: mitomania é
a mania de mentir; o mitómano, por sua vez,
é o indivíduo que mente compulsivamente. Mente que nem sente (ou seja: mente tanto que nem percebe que mente),
como diz a expressão popular.
De acordo com a filósofa Marilena Chauí (gravem bem o nome dela, pois sem ela, que é uma das intelectuais mais brilhantes que temos, dificilmente vocês compreenderão a realidade do Brasil), o mito é uma narrativa (uma história) que se originou de outra, que por sua vez se originou de uma terceira; a terceira variou de uma quarta narrativa, que é mais antiga do que as três mais recentes; a quarta narrativa, a seu turno, é apenas uma versão de uma narrativa ainda mais antiga, que por sua vez surgiu a partir de outra, que também já tinha surgido de outra... Entendem o que quero dizer? É praticamente impossível determinar a origem de um mito: ela se perde na noite dos tempos e sempre se repete. Isso tem que ver com o inconsciente, investigado por dois estudiosos: Freud e Jung. Este último fala do inconsciente coletivo, que seria uma espécie de memória coletiva compartilhada por toda a humanidade com o passar das eras (segundo meu entendimento).
A
impossibilidade de conhecer um mito que teria dado origem a todos os outros tem que ver com o conceito de mito fundador,
que é o conceito
abordado pela brilhante e maravilhosa filósofa Marilena Chauí. A noção de mito
fundador, na verdade, é de um estudioso
chamado Dominique Maingueneau (pronuncia-se “Manganô”). No caso da mitologia grega e seu panteão (ordem ou
conjunto dos deuses), podemos tomar como ponto
de partida a Teogonia, um livro
escrito pelo poeta Hesíodo, que apenas se baseou em histórias narradas pelos aedos (poetas gregos que usavam
apenas a fala). Teo quer dizer deus; gonia
quer dizer origem.
Uma coisa
é certa: o mito fundador sempre se repete: sempre é passado de uma geração para outra. Em verdade: é sempre
reconstituído. Isso quer dizer que sempre é repetido,
embora também seja renovado. Para os gregos, a história dos deuses e a da guerra de Troia (que vou resumir adiante) eram a história da
própria nacionalidade deles.
Infelizmente, a repetição ininterrupta de um mito pode ser prejudicial a um
povo. No Brasil, por exemplo, temos
vários mitos fundadores, como o de que somos um país tropical paradisíaco e com uma população cordial, dada à ordem e
ao progresso, quando na verdade
somos uma sociedade
extremamente autoritária, injusta
e, portanto, desumana.
Mas e a diferença entre mito e lenda?
Há quem diga que a lenda é baseada num fato
histórico. Estamos diante da diferença
entre a ficção e a realidade: a história real conta com personagens reais, testemunhas reais e registros (estes últimos são a historiografia, ou seja: a escrita de fatos históricos), ao passo que a ficção é pura invenção (a
palavra ficção vem do latim e tem que
ver com fingimento). Contudo,
quem conta um conto aumenta um
ponto. Realmente, é muito pequena e
sutil a diferença entre mito e lenda: Eram mitos duas histórias: A Ilíada e A Odisseia, dois longos poemas do escritor
Homero (928 a.C-898 a.C), que se baseou em canções que eram repetidas
pelos aedos ou rapsodos. Trata-se das duas
epopeias gregas, isto é: dos dois poemas épicos da literatura grega, que são
alguns dos mais importantes poemas épicos do Ocidente e da humanidade, ainda
que Platão não gostasse deles, uma vez que, em sua opinião de filósofo, o nosso
mundo fosse apenas uma cópia ou imitação do mundo das ideias, que, por sua vez,
seria uma realidade paralela da qual viriam todas as coisas do nosso mundo.
Como a ficção imita a realidade, então as epopeias seriam cópias da cópia,
porquanto Platão (Atenas, 428/427–Atenas, 348/347 a.C.), como foi dito,
considerasse o mundo que vemos e escutamos como sendo uma cópia, uma falsidade.
Por outro lado, Aristóteles (384 a.C. — Atenas, 322 a.C.), que tinha sido
discípulo de Platão, tinha um pensamento diferente: tanto a tragédia como e
apopeia falam de personagens elevados, como deuses e heróis, ao contrário da
comédia, que busca caracteres risíveis (BRANDÃO, 2018, p. 10).
Há quem duvide de que Homero tenha mesmo existido.
De qualquer forma, nas
duas epopeias, contam-se, respectivamente, os acontecimentos da Guerra
de Troia (Ilíon em grego é o nome de Troia), que durou dez anos, e o
retorno de Ulisses a Ítaca, sua terra natal: No tempo em que contavam as duas histórias, os gregos nelas acreditavam, porém começaram
a ser vistas como ficção. Num resumo bem grosseiro, as duas histórias foram assim:
Helena, princesa
de Esparta, era muito desejada pelos homens. O sábio e habilidoso Ulisses
(também conhecido como Odisseu), a pedido do pai de Helena,
“Filha, por que tais palavras do encerro da boca soltaste?
Como é possível que do divo Odisseu venha a esquecer-me,
Que se distingue de todos os homens e, mais que todos,
Fez sacrifícios aos deuses eternos, do céu moradores? [...]”
(HOMERO, 2017, p. 35).
Penélope, esposa de Ulisses, não tem notícias dele há anos; Telêmaco,
filho de Penélope e Ulisses, já tem até barba.
Enquanto isso, muitos homens querem desposar Penélope na certeza de que
ela já é viúva. Mas Ulisses consegue voltar para casa.
A
história da Ilíada, que é a história da fúria de Aquiles e do fim da guerra de Troia, e a história da Odisseia, que narra
o retorno de Ulisses a sua terra (que se chama
Ítaca), eram mitos nos quais acreditavam os gregos; seus personagens
conversavam com os deuses. Em algum momento, passaram a ser mitos no
sentido de que eram apenas histórias
fantásticas sem comprovação. Um dia, porém, o arqueólogo alemão Heinrich
Schliemann descobriu ruínas em
Troia. Com as escavações realizadas
em Micenas e Troia (cidades gregas),
ele pretendia provar que as histórias narradas em A Ilíada e em A Odisseia eram ao menos parcialmente verdadeiras. Em resumo: elas teriam um fundo de verdade,
uma base histórica. Portanto, seriam lendas.
Vocês já leram Harry Potter e a Câmara Secreta? Como muitos
sabem, o personagem principal estuda
numa escola de magia. No seu segundo ano (1992), corre o rumor de que haveria uma câmara secreta dentro da escola e que
de algum modo ela colocava em risco a
vida de estudantes considerados “impuros” e indignos da escola. Durante uma aula de História (História da
Magia), a personagem Hermione (a aluna mais
inteligente e culta da escola) levanta a polêmica sobre a existência da tal
câmara, cuja existência ninguém tinha
provado. É preciso destacar que a disciplina História da Magia é ensinada pelo Prof. Binns, que um dia “simplesmente se
levantara para dar aula e deixara
o corpo sentado numa poltrona
diante da lareira da sala dos professores” (ROWLING, 2000, p. 130); por isso é um fantasma. Assim que notou que a aula havia
se desviado do objetivo principal, o professor se zangou. Vamos ler, agora, um trecho do romance Harry Potter e a Câmara Secreta
(os destaques são meus), da britânica J.
K. Rowling (tradução da maravilhosa Lia Wyler):
— Basta! — disse com rispidez. — É um mito [a Câmara Secreta]! Não existe! Não há a mínima prova de
que Slytherin tenha algum dia construído sequer um armário
secreto de vassouras! Arrependo-me de ter contado aos senhores uma história tão tola. Vamos
voltar, façam-me o favor, à história, aos fatos sólidos, críveis e verificáveis.
E em cinco minutos a classe voltara
a mergulhar em seu
torpor habitual (ROWLING, 2000, p. 132-3).
É irônico
que um fantasma fale em fatos sólidos, críveis e verificáveis, não? No final de Harry Potter e a Câmara Secreta, descobre-se que existe a tal câmara.
***
A
diferença entre História e mito é a diferença entre realidade e ficção, mas ambos os tipos de história ensinam lições
de moral e visões sociais de mundo. No caso da
História, é importante que seja estudada, como afirma o escritor Pedro
Bandeira. Palavras dele:
eu quis
mostrar o quanto a História ainda afeta nossa vida, o
quanto fatos que ocorreram muito antes do
nascimento de meus leitores ainda são dificuldades
vivas, ainda são barreiras a bloquear a construção de um futuro mais justo.
[...] E só a consciência desses eventos com a ajuda do conhecimento da História pode oferecer
condições para que possamos resistir ao que
há de errado em nossa civilização e nos apontar caminhos para que
possamos progredir no rumo certo, o
rumo da verdade, da liberdade e da justiça (2009, p. 191-92, destaques meus).
Quero compartilhar com vocês uma passagem do romance O Mundo de Sofia
(2012, p. 35-9), do norueguês Jostein Gaarder:
O MUNDO VISTO ATRAVÉS
DA MITOLOGIA
Por filosofia queremos dizer uma maneira completamente nova
de pensar que surgiu na Grécia
aproximadamente em 600 a. C. Antes disso eram as várias religiões que davam às pessoas as respostas para as perguntas
que elas faziam.
Essas explicações religiosas foram transmitidas de geração em geração através dos mitos. Um mito é uma narrativa que pretende explicar pela visão dos deuses
a vida como ela é.
Em todo o mundo, ao longo de milênios, uma profusão de mitos
floresceu como resposta às questões
filosóficas. Os filósofos gregos tentaram mostrar às pessoas que essas respostas não eram confiáveis.
Para compreender o pensamento dos primeiros filósofos, nós devemos compreender o que seria uma visão
mitológica do mundo.
Não é preciso ir tão longe, até a Grécia, para isso. Vamos tomar
algumas concepções mitológicas da Escandinávia
como exemplo.
Você certamente já ouviu falar de Tor e seu martelo. Antes de o cristianismo chegar à Noruega, os habitantes daqui
acreditavam que Tor cruzava os céus
numa carruagem puxada por dois bodes. A palavra “trovão”
— “torden” em norueguês —
quer
dizer exatamente “o ruído de Tor”. Em sueco, “trovão” é “aska”, referindo-se à jornada
dos deuses pelo céu.
Quando troveja e relampeja, geralmente também chove, um
fenômeno vital para os camponeses
da era dos vikings. Por isso Tor passou a ser adorado como deus da fertilidade.
A resposta mitológica para a origem da chuva era o agitamento
do martelo de Tor. Quando
chovia, as sementes
brotavam e a plantação crescia
na lavoura.
Era um mistério por que as plantas cresciam nos campos e davam
frutos. Mas tinha a ver com a chuva, disso os camponeses estavam
certos. Portanto, todos acreditavam
que tinha a ver com Tor. Isso fez dele um dos deuses mais importantes da Europa
Setentrional.
Tor era importante também por
outro motivo, que tinha a ver com a harmonia
do mundo.
Os vikings imaginavam habitar
um mundo que era uma ilha
constantemente ameaçada por perigos externos.
À parte habitada desse mundo eles chamavam
Midgard, que
significa algo como “reino do meio”. Em Midgard
ficava Asgard, a morada dos deuses.
Além das fronteiras de Midgard ficava Utgard, isto é, o “reino de fora”, onde viviam os perigosos trolls,
sempre tentando destruir o mundo com seus truques
sujos. Costumamos nos referir a esses monstros malignos como “forças do caos”. Tanto nas religiões nórdicas
antigas como na maioria das outras culturas as
pessoas acreditavam num instável embate
de forças entre o bem e o mal.
Uma maneira de os trolls destruírem Midgard seria raptar
Froya, a deusa da fertilidade. Se
conseguissem, nada iria crescer nos campos e as mulheres não poderiam ter filhos. Logo, era fundamental que os deuses os mantivessem sempre sob controle.
Aqui também Tor
desempenhava um papel importantíssimo. Seu martelo não apenas trazia a chuva, mas era uma arma poderosa na luta contra
as perigosas forças do mal. O martelo
lhe dava um poder quase infinito. Ele podia, por exemplo, atirá-lo nos trolls e matá-los. Ele nem se
preocupava com a possibilidade de perdê-lo, porque o martelo era como um bumerangue, e sempre retornava às suas mãos.
Essa era a explicação mitológica para o funcionamento da
natureza e para a luta permanente
entre o bem e o mal. E era justamente de explicações mitológicas como essa que os filósofos queriam
se ver livres.
Mas não é apenas
de explicações que estamos falando.
As pessoas não podiam ficar de braços cruzados esperando
os deuses aparecerem quando catástrofes como secas
ou doenças contagiosas as ameaçassem. As pessoas
precisavam elas mesmas participar na luta contra o mal. Isso acontecia através de uma variedade de cerimônias religiosas, ou rituais.
O principal ritual religioso na Antiguidade nórdica era o
sacrifício. Fazer um sacrifício para
determinado deus aumentaria o poder dele. As pessoas deveriam, por exemplo, fazer sacrifícios para que os
deuses fossem fortes o bastante para vencer as
forças do mal. Isso seria feito imolando-se um animal para determinado deus. Para Tor, acredita-se que era comum se sacrificarem bodes. Para Odin
acontecia de serem feitos sacrifícios humanos.
O mito mais conhecido da Noruega chegou até nós através do poema Trymskvida. Ele nos conta que Tor se deitou, adormeceu
e, ao despertar, viu que seu martelo
desaparecera. Tor ficou tão furioso que suas mãos se agitaram e sua barba estremeceu. Junto com seu companheiro Loke
ele foi até Froya e lhe pediu emprestadas as
asas para que Loke pudesse voar até Jotunheim, o lar dos trolls, e descobrir se
eles é que haviam roubado o martelo de Tor. Lá chegando,
Loke encontrou-se com Trym, o rei dos
trolls, que se gabava de ter escondido o martelo de Tor oitenta quilômetros debaixo da terra. E disse mais: os deuses
só teriam o martelo de volta caso ele se casasse com Froya.
[...] Os bons deuses estavam
enfrentando uma situação terrível, um
drama envolvendo uma chantagem. Os trolls agora tinham em seu poder a arma mais importante dos deuses, uma situação inaceitável. Enquanto
estivessem de posse do martelo de
Tor, os trolls deteriam todo o poder sobre os deuses e sobre o mundo dos homens. Em troca do martelo eles exigiam
Froya. Mas essa troca seria impossível: se os deuses entregassem a deusa da fertilidade — a protetora de
toda forma de vida —, o verde do
campo iria perecer e os deuses e os homens também. A situação é um impasse completo.
Se você imaginar um grupo
terrorista que ameaça explodir uma bomba atômica
no meio de Londres ou Paris caso suas exigências não sejam atendidas, vai certamente perceber o que eu quero dizer.
O mito nos ensina
mais adiante que Loke retorna a Argard e pede a Froya que se vista de noiva, pois ela deverá casar-se com o rei dos trolls (infelizmente, infelizmente!). Froya fica furiosa e diz
que as pessoas vão pensar que ela é ousada demais caso se case logo com um troll.
Então o deus Heimdal tem uma ideia luminosa. Ele sugere que o próprio Tor se vista de noiva, prendendo os cabelos [...], de modo a parecer
uma mulher. Naturalmente, Tor não fica lá muito
animado com a sugestão, mas acaba reconhecendo
que a única possibilidade de os deuses reaverem o martelo é seguir o plano
de Heimdal.
No fim, Tor se veste de noiva e Loke o acompanha como dama de honra.
“Enviaremos duas mulheres
para os trolls”, diz o zombeteiro Loke.
Usando uma linguagem mais moderna, podemos dizer que Tor e
Loke são o “comando antiterrorista”
dos deuses. Disfarçados de mulheres, eles vão se infiltrar na fortaleza
dos trolls e reaver o martelo de Tor.
Assim que os dois chegam a Jotunheim, os trolls começam a
preparar a festa de casamento. Só que
durante a festa a noiva — isto é, Tor — devora um boi inteiro e oito salmões. E também bebe três barris de
cerveja. Isso deixa Trym boquiaberto, e quase
arruína o disfarce do comando antiterrorista. Mas Loke consegue
contornar a perigosa situação que se armava.
Ele conta que Froya não tinha comido nos últimos
oito dias, tão ansiosa estava para chegar
a Jotunheim.
Quando Trym tenta erguer o véu e beijar a noiva, ele nota o olhar irado de Tor e
se detém. Mais uma vez Loke contorna a situação. Ele conta que a noiva estava
sem dormir havia oito noites, tal era
a sua alegria com o casamento. Trym ordena então que busquem o martelo e o ponham no colo da noiva durante
a cerimônia.
Logo que Tor recebeu o martelo,
ele deu uma bela gargalhada, conta o poema.
Primeiro
ele matou Trym e depois o restante dos habitantes de Jotunheim. E, desse modo, o drama dos terroristas teve um
desfecho feliz. Novamente Tor — o Batman ou o
James Bond dos deuses — derrotava as forças do mal.
Assim é a narrativa do mito [...]. Mas o que ela quer dizer
realmente? Esse mito não foi contado
apenas para divertir os ouvintes. Ele também objetiva explicar algo. Uma interpretação possível seria esta:
Quando a seca se abatia sobre a terra, as pessoas precisavam de uma explicação para a falta de chuva. Por
acaso os trolls não teriam roubado o martelo de Tor?
Pode-se também especular
que o mito tenta compreender a variação das estações do ano: no inverno a natureza
fenece porque o martelo de Tor está em Jotunheim. Mas na primavera
ele consegue reavê-lo.
Assim funciona o mito, fornecendo resposta para aquilo que eles não compreendem.
Mas o mito não devia apenas explicar. Com frequência as
pessoas conduziam várias cerimônias
religiosas relacionadas aos mitos. Podemos imaginar que a reação delas à seca ou à quebra da safra seria
encenar o mesmo drama que o mito contava. Talvez
um homem se fantasiasse de noiva [...] para reaver o martelo que estava em poder dos trolls. Assim as pessoas podiam
tomar parte numa ação concreta para fazer com que a chuva voltasse a cair e as sementes
germinassem nos campos.
O que sabemos
com certeza é dos exemplos,
vindos de todas as partes do mundo,
de gente encenando “mitos das estações do ano” a fim de acelerar os processos da natureza.
Podemos
notar que há um caráter épico, isto é: um caráter heroico nos mitos. A respeito do herói foram tecidas as seguintes considerações:
as sociedades primitivas (denominadas “arcaicas”)
procuram num tempo longínquo (na chamada “idade mítica”) aquilo que julgaram
ter perdido: a verdade
eterna. Esta se encontraria num
passado tão distante que não dá nem para se
medir. A procura dela envolve ritos, cultos e lendas, como se isso permitisse o seu retorno. É o mito do
eterno retorno. Isto tudo refletindo um “horror da história” de uma sociedade em transformação que se assusta com as
mudanças. O mito seria, então, um consolo contra a história. E o herói, um consolo contra a fraqueza
humana (FEIJÓ, 1984, p. 13).
Mitos, lendas e fábulas
(nestas últimas os animais possuem
características humanas, como
o dom da fala, ou a cobiça, como a raposa da fábula A raposa e as uvas, de Esopo)
levantam questões examinadas por outras
ciências, tais como:
a Antropologia, que estuda o homem como ser biológico que produz
cultura ao mesmo tempo que é produzido por ela (“antropos” quer dizer homem ou ser humano em grego);
a Sociologia, que estuda as classes sociais não apenas como sendo as
classes A, B, C, D e E, mas como
classes determinadas pelo modo como se relacionam com os meios privados sociais de produção (esses meios
são não apenas as matérias-primas fornecidas
pela natureza, como minério, carvão, petróleo, mas também o maquinário da fábricas e o dinheiro usado para pagar
o salário dos funcionários) dentro
do Estado (União
ou
a Psicologia, que estuda a personalidade, as emoções e o
comportamento dos seres humanos;
a Economia, que é o estudo do modo de produção e circulação (venda e compra) de bens e serviços (como roupas, alimentos e
serviços de transporte) em três setores (o primário,
o secundário e o terciário). Pode-se dizer que a economia é o próprio modo de produção disso tudo, que depende das matérias-primas
fornecidas pela natureza (como minério, carvão,
petróleo), do maquinário e do dinheiro.
Já houve a economia feudalista; hoje existe o capitalismo, que está assumindo
a pior forma: a do neoliberalismo
econômico, que tenta privatizar o Estado e os direitos sociais (saúde e educação). A economia é formada pelo
mercado (conjunto de empresas ou companhias privadas)
e pelo Estado (que pode manter empresas públicas ou estatais). A palavra economia vem de oikós (οἶκος), palavra
grega que significava, numa definição grosseira e reduzida, casa ou família, em que o patriarca (o pai) tinha
poder absoluto sobre a casa. Esta era
particular e, portanto, era
diferente da pólis (a cidade) e oposta à cidade, que era pública. O
orçamento de uma casa ou de uma família é como a economia atual: há o dinheiro arrecadado e há o dinheiro gasto.
a Linguística, que estuda qualquer idioma;
os Estudos Literários, que querem entender como o idioma é
esteticamente usado na literatura, a arte da palavra;
a Filosofia, que estuda de modo racional a partir de indagações muitos e muitos assuntos
antes compreendidos só pelo pensamento mitológico; não é à toa que foi ela a primeira forma racional de compreender o
mundo; por isso ela deu origem a todas as ciências. “Filo” quer dizer amor ou amizade; “sofia”
significa conhecimento ou sabedoria, logo, filosofia é amor ou amizade pelo conhecimento.
Estou esquecendo alguma coisa? Ah, sim, é importante que saibamos sempre que os mitos ainda existem: estão no senso comum.
Ora, ele é o conhecimento compartilhado por todos por meio
da fala sem questionamento,
sem reflexão, sem filosofia e, muitas vezes, sem base científica. Às vezes o senso comum está de acordo com a
ciência. A importância de lavar as mãos, por
exemplo, está no senso comum. Entretanto, nem sempre ele carrega
verdades, de modo que acaba sendo uma forma de sustentar visões sociais de mundo absurdas.
Um exemplo é a ideia de pátria,
que sempre esteve por detrás das mortes causadas pelas guerras, as quais beneficiam apenas uma reduzidíssima minoria de
pessoas do planeta. Outro exemplo é a
posição da mulher na sociedade: muitos ainda acham que a ela cabe tão só o papel doméstico e nunca a função
de comando. E é muito recente a aceitação da
gravidez fora do casamento...
Pode-se dizer, pois, que os mitos são um suporte de ideologia,
assim definida por Marilena
Chauí:
não é apenas
a representação imaginária do real para servir ao
exercício da dominação em uma sociedade
fundada na luta de classes, como não é apena s a inversão imaginária do processo histórico na qual
as ideias ocupariam o lugar dos agentes históricos reais. A ideologia, forma específica do imaginário social moderno, é a maneira necessária pela qual os agentes sociais representam para si mesmos o aparecer social, econômico e político, de tal sorte que essa aparência (que não
devemos simplesmente tomar como sinônimo de ilusão ou falsidade), por ser o modo imediato e abstrato
de manifestação do processo
histórico, é o ocultamento ou
dissimulação do rea l. Fundamentalmente,
a ideologia é um corpo sistemático de representações
e de normas que nos “ensinam” a conhecer e a agir. A sistematicidade e a coerência
ideológicas nascem de uma
determinação muito precisa: o discurso ideológico é aquele que pretende coincidir com as coisas, anular a diferença entre o pensar, o dizer e o ser e, destarte,
engendrar uma lógica da identificação que unifique pensamento, linguagem e realidade para, através dessa lógica, obter a identificação de todos os sujeitos sociais com uma imagem particular
universalizada, isto é, a imagem da classe dominante (1997, p. 3).
Lembrem-se
de que mito é também uma mentira com valor de verdade; por isso sem ele não pode haver ideologia, que é o
senso comum. Este, por sua vez, se divide em
várias ideologias, todas a serviço de uma maneira mais ou menos uniforme
(igual para todas as pessoas) de compreender o mundo. Exemplos:
Hoje,
acredita-se na ascensão social: um indivíduo pode passar de uma classe social para outra; isso seria impensável e
impossível na Idade Média, mas a ideologia precisa
silenciar que as chances de isso acontecer são muito pequenas, pois, se ela não silenciar, vai ser denunciada a injustiça que
garante os privilégios da classe social dominante.
Outra
ideologia é a que dizia que a mulher não deveria trabalhar fora de casa; hoje reconhecemos o avanço das lutas
feministas e a importância do direito ao trabalho por parte das mulheres,
que podem ser profissionais autônomas, funcionárias públicas ou funcionárias de empresas privadas;
todavia, hoje a ideologia, que era contestada pelo feminismo, foi muito esperta: ela se aproveitou das causas feministas para fazer com que mulheres sejam tão exploradas quanto os homens ou mais do que eles, e obviamente
ela (a ideologia) vai silenciar isso e mascarar a exploração com a ideia de empoderamento. Uma prova disso são as
mulheres que dirigem Uber: não têm a carteira
assinada, nem férias, nem 13º salário. Cabe aos diferentes feminismos a
tarefa de lutar pela mudança
dessa realidade.
É preciso entender que o feminismo e outras linhas de pensamento não são
ideologias: na verdade, são visões sociais
de mundo que contestam a visão mais conhecida
e mais poderosa; portanto, são contra a ideologia. Toda ideologia é uma visão social de mundo, mas nem toda
visão social de mundo é uma
ideologia. Uma das funções da ideologia é silenciar o fato de
que ela é ideologia, por isso não a percebem
como tal: quase ninguém se dá conta de que ela é ideologia: aparece como
sendo a ordem natural
das coisas, e não
como fruto de decisões humanas.
CONCLUSÃO
O fantástico tem que ver com fantasia. Enquanto o leitor e
o personagem da história duvidarem da existência de determinado ser ou
fenômenos supostamente sobrenaturais e inexplicáveis dentro da lógica das leis
que o leitor e o personagem conhecem (as leis do nosso mundo, o mundo real),
haverá o fantástico. Contudo, os gregos da Antiguidade não duvidavam da
existência dos seres mitológicos, porque não havia ciência que desse conta de
explicar tais seres nem os fenômenos da natureza que representavam (os trovões,
a colheita, as guerras). Por outro lado, Platão e outros pensadores sabiam que
os mitos eram ficções. Só depois de muito tempo os gregos aprenderam que os
mitos eram mitos, e não a verdade. Se tomarmos como exemplo o desenho Scooby Doo, veremos que a dúvida leva
sempre a descoberta de que os monstros e os fantasmas são falsos ou tentativas
de golpe (há histórias em que se descobre que tudo não passa de um sonho do
personagem). Nesse caso, tem-se o fantástico-estranho: a dúvida dá lugar à
certeza da falsidade mediante investigação; porém, em Scooby Doo, por exemplo, já houve um caso em que um dos vilões era
mesmo um ser sobrenatural, inexplicável pelas leis do nosso mundo (o mundo real,
marcado pela racionalidade e pela ciência). Nesse caso, há o fantástico-maravilhoso,
em que há magia e tudo. Via de regra, os personagens de Scooby Doo partem da pressuposição de que o caso supostamente
sobrenatural é uma farsa. Nos programas televisivos sensacionalistas, não são
muito raros os casos de fenômenos “sobrenaturais”. São entrevistados até
“médiuns”. Quem não acredita nessas coisas é cético. Vale citar o seguinte
trecho de um dos livros do pernambucano Diógenes Magalhães (1924-?) (2006, p.
118):
Perguntei um dia a um ateu:
— És capaz de entrar, à meia-noite, sozinho, num cemitério?
— Bem, eu... (começou ele).
— ...Basta (interrompi). Já me respondeste.
Para
encerrar esta mensagem, deixo dois questionários. Vocês podem escolher pelo menos uma questão discursiva e, no máximo,
três; já as questões objetivas são
obrigatórias.
Questões objetivas:
1ª: As palavras fantasma,
fantasia e fantástico
a) não são cognatas, pois não compartilham
a mesma raiz.
b) são cognatas por
compartilharem a mesma raiz.
c) são cognatas porque cada uma
tem uma raiz diferente.
d) não têm nada que ver umas com
as outras.
2ª: O fantástico-estranho e o fantástico-maravilhoso
a) são a mesma coisa.
b) não são a mesma coisa, já que
no primeiro há o sobrenatural.
c) são sempre iguais.
d) não são iguais, uma vez que
no primeiro não há o sobrenatural, enquanto no segundo há.
Questões discursivas:
1.
Que é mito? Quais suas características?
2.
Quais são as diferenças entre o pensamento mítico (mitológico) e o pensamento filosófico?
3. Cite pelo menos uma característica da fábula.
Se
possível, dê um exemplo.
4.
Qual o significado dos termos mythós e logos?
5.
Qual o nome do poeta responsável pela Teogonia?
6.
Qual o nome do autor de A Ilíada e A Odisseia?
1. O que estava escrito no pomo que foi apanhado pelo príncipe Páris?
2.
Por quem o príncipe Páris se apaixona?
3.
De
qual reino Páris era príncipe?
4.
De
qual reino Helena era princesa?
5.
Com quem Helena se casa?
6.
Quem era o irmão de Melenau?
7.
De
que reino eram Melenau e Agamenon?
8.
O que causou a guerra de Troia?
9.
Na
sua opinião, Helena foi mesmo raptada? (Para responder a esta questão,
o aluno terá de procurar outras fontes e ler pelo
menos uma adaptação de A Ilíada.)
10. O que teria causado
a fúria de Aquiles?
11. Que
significados podemos atribuir às expressões calcanhar
de Aquiles, presente de Grego e cavalo de Troia? Contextualize e exemplifique, ou seja: mencione
uma situação hipotética (imaginarária) ou já vivenciada para explicar o que significam tais expressões.
12.
Qual é o outro nome de Ulisses?
13.
Qual é o outro nome de Troia?
14.
Qual o nome da esposa
de Ulisses?
15.
Qual o nome do filho de Ulisses?
16.
Qual o nome da terra natal de Ulisses?
17.
Quem manteve Ulisses prisioneiro?
18.
Haveria alguma semelhança entre o cavalo de Troia e o modo como Tor recuperou o martelo?
19. Qual seria a função do mito diante dos fenômenos da natureza?
Referências:
ALONSO, André.
Aula 7: A Grécia e o maravilhoso: o mito (parte
II). In: .
Bases da Cultura Ocidental. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.
______. Aula 9: Hesíodo e a poesia didática. In: ______. Bases da Cultura Ocidental. Rio de
Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São
Paulo: Moderna, 1986.
BANDEIRA,
Pedro.
Anjo da morte: mais uma aventura dos Karas. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
BERNARDET,
Jean-Claude. O que é cinema (Coleção Primeiros Passos). São
Paulo: Brasiliense, 2006.
BRANDÃO, Jacyntho Lins. Prefácio. In:
ARISTÓTELES. Sobre a arte poética.
Tradução de Antônio Mattoso e Antônio Queirós Campos. 1. ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2018.
CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
Fantasticursos, de Alexander Meireles da Silva: Qual
é a diferença entre FANTÁSTICO, ESTRANHO e MARAVILHOSO [?]. In: YouTube.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=in96ecdI_eY&ab_channel=Fantasticursos>.
Acesso em: 20 abr. 2021.
FEIJÓ, Martin
Cezar. O
que é herói (Coleção
Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1984.
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia:
romance da história da Filosofia. Tradução de Leonardo Pinto Silva. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
GALDINO, Luiz. Odisseia (adaptação da obra do poeta Homero). São Paulo: Escala Educacional, 2005.
HOMERO. Odisseia.
Tradução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.
LÖWY,
Michael. Introdução: Visões sociais de mundo, ideologias e
utopias no conhecimento científico-social. In: .
As aventuras de Karl Marx contra o Barão de
Münchensen: Marxismo e
Positivismo na
Sociologia do Conhecimento. Tradução de Juarez Guimarães
e Suzanne Felicie Léwy.
São Paulo: Busca Vida, 1987.
MAGALHÃES, Diógenes. Neurose No Corpo. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Coisa Nossa,
2006.
ROWLING, J. K. Harry Potter e a Câmara Secreta. Tradução de Lia
Wyler. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura
Fantástica. Trad. Maria
Clara Correa Castello. São Paulo: Perspectiva, 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário